domingo, 28 de abril de 2013

Álvares de Azevedo

Principal poeta da 2ª geração do Romantismo (poesia) no Brasil.

Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo no dia 12 de setembro de 1831. Teve uma vida boêmia, e, em 1848 passou a sentir os primeiros sintomas da tuberculose.

Inspirado por Lord Byron e Musset, sua obra é impregnada de sarcasmo, ironia e ideias de autodestruição e morte. Assim, é considerado o responsável pelo "mal-do-século" no Brasil.

Ao ter como certa e próxima a morte, passou a escrever para a mãe, a irmã e os amigos.

Tanto desejou a morte, que faleceu aos 20 anos de idade, no dia 25 de abril de 1852.

Escreveu vários poemas, uma peça teatral (Macário) e um livro de contos macabros (Noite na Taverna) que foi publicado postumamente.


sábado, 27 de abril de 2013

Fragmento da novela "Essas Mulheres" em que Fernando recita uma poesia de Álvares de Azevedo.

Frases de Lord Byron

"O ódio é a loucura do coração"

Quem foi Lord Byron?

Jorge Gordon Byron foi um importante poeta inglês do século XIX. Nasceu em Londres no dia 22 de janeiro de 1788.

Um Gênio da literatura. É considerado um dos principais poetas do Romantismo. Inspirou, e insira até hoje  vários escritores de Literatura Gótica.

Morreu em Missolonghi (Grécia) em 19 de abril de 1824.


A fama de Byron não se deve apenas às suas obras, carregadas de pessimismo e crítica social, mas também à sua extravagante maneira de viver. Era um conquistador, se envolveu com várias mulheres casadas. Vivia em orgias, o que resultou em muitas dívidas.

O Byronismo se espalhou como moda literária influenciando autores como o brasileiro Álvares de Azevedo.

Trevas


Eu tive um sonho que não era em todo um sonho
O sol esplêndido extinguira-se, e as estrelas
Vagueavam escuras pelo espaço eterno,
Sem raios nem roteiro, e a enregelada terra
Girava cega e negrejante no ar sem lua;
Veio e foi-se a manhã - Veio e não trouxe o dia;
E os homens esqueceram as paixões, no horror
Dessa desolação; e os corações esfriaram
Numa prece egoísta que implorava luz:
E eles viviam ao redor do fogo; e os tronos,
Os palácios dos reis coroados, as cabanas,
As moradas, enfim, do gênero que fosse,
Em chamas davam luz; As cidades consumiam-se
E os homens juntavam-se junto às casas ígneas
Para ainda uma vez olhar o rosto um do outro;
Felizes enquanto residiam bem à vista
Dos vulcões e de sua tocha montanhosa;
Expectativa apavorada era a do mundo;
Queimavam-se as florestas - mas de hora em hora
Tombavam, desfaziam-se - e, estralando, os troncos
Findavam num estrondo - e tudo era negror.
À luz desesperante a fronte dos humanos
Tinha um aspecto não terreno, se espasmódicos
Neles batiam os clarões; alguns, por terra,
Escondiam chorando os olhos; apoiavam
Outros o queixo às mãos fechadas, e sorriam;
Muitos corriam para cá e para lá,
Alimentando a pira, e a vista levantavam
Com doida inquietação para o trevoso céu,
A mortalha de um mundo extinto; e então de novo
Com maldições olhavam para a poeira, e uivavam,
Rangendo os dentes; e aves bravas davam gritos
E cheias de terror voejavam junto ao solo,
Batendo asas inúteis; as mais rudes feras
Chagavam mansas e a tremer; rojavam víboras,
E entrelaçavam-se por entre a multidão,
Silvando, mas sem presas - e eram devoradas.
E fartava-se a Guerra que cessara um tempo,
E qualquer refeição comprava-se com sangue;
E cada um sentava-se isolado e torvo,
Empanturrando-se no escuro; o amor findara;
A terra era uma idéia só - e era a de morte
Imediata e inglória; e se cevava o mal
Da fome em todas as entranhas; e morriam
Os homens, insepultos sua carne e ossos;
Os magros pelos magros eram devorados,
Os cães salteavam seus donos, exceto um,
Que se mantinha fiel a um corpo, e conservava
Em guarda as bestas e aves e famintos homens,
Até a fome os levar, ou os que caíam mortos
Atraírem seus dentes; ele não comia,
Mas com um gemido comovente e longo, e um grito
Rápido e desolado, e relambendo a mão
Que já não o agradava em paga - ele morreu.
Finou-se a multidão de fome, aos poucos; dois,
Dois inimigos que vieram a encontrar-se
Junto às brasas agonizantes de um altar
Onde se haviam empilhado coisas santas
Para um uso profano; eles a resolveram
E trêmulos rasparam, com as mãos esqueléticas,
As débeis cinzas, e com um débil assoprar
E para viver um nada, ergueram uma chama
Que não passava de arremedo; então alçaram
Os olhos quando ela se fez mais viva, e espiaram
O rosto um do outro - ao ver gritaram e morreram
- Morreram de sua própria e mútua hediondez,
- Sem um reconhecer o outro em cuja fronte
Grafara o nome "Diabo". O mundo se esvaziara,
O populoso e forte era uma informe massa,
Sem estações nem árvore, erva, homem, vida,
Massa informe de morte - um caos de argila dura.
Pararam lagos, rios, oceanos: nada
Mexia em suas profundezas silenciosas;
Sem marujos, no mar as naus apodreciam,
Caindo os mastros aos pedaços; e, ao caírem,
Dormiam nos abismos sem fazer mareta,
mortas as ondas, e as marés na sepultura,
Que já findara sua lua senhoril.
Os ventos feneceram no ar inerte, e as nuvens
Tiveram fim; a escuridão não precisava
De seu auxílio - as trevas eram o Universo.


Lord Byron
(Tradução de Castro Alves)